segunda-feira, 16 de julho de 2012

Restaurante a Cadeia Quinhestista

Torre de Menagem à noite Estremoz

Em 174?  António Henriques da Silveira, ilustre estremocense,  escrevia assim: 

[... O Amor, hé huma poderosa pachão, sempre opposta à imparcialidade; o escritor, que se deixa dominar della, a cada passo falta a seu dever. Elle para acreditar a nassão, de quem escreve, ou ao seu Heroe, disfigura os factos, encarese as acçoens gloriozas, e oculta as que são desgradáveis, elle engrandese ao seu heroe, e diminue ao Contendor....]
In  Memórias Analíticas da Vila de Estremoz 

No entanto António Henriques da Silveira, "seus talentos, virtude e meresimento são muito conhesidos na Provincia e em todo o Reino", apesar do seu grande amor e preferência pelo Alentejo e Estremoz conseguiu escrever com uma  imparcialidade assombrosa, o "livro" de memórias da "vila notável" de Estremoz e, o "Racional Discurso sobre a agricultura e população da província do Alentejo ". Este ultimo,  cumprindo deveres estatutários na  Academia Real das Sciências

Serve esta breve nota introdutória para dizer que, não sou critico gastronómico nem historiador. Nada disso. Pretendendo com este blog dar a conhecer um pouco da gastronomia do Alentejo. Parcial ou imparcial?! Não sei. Serei com certeza: justo e honesto.


 
O Restaurante a Cadeia Quinhentista (veja  vídeo aqui), dos 40 que existem nesta cidade é  para mim o de eleição e um verdadeiro caso de sucesso.  No seu maravilhoso edifício histórico com decoração moderna sentimos o passado e cheiramos o futuro, tornando-o apetecível. A esmerada gestão feita pelo Sr. João Simões e toda a vasta equipa de 11 pessoas,  faz com que nós, regulares clientes do espaço nos surpreendamos sempre [o sucesso]. A cozinha tradicional alentejana apresentada, sempre com o toque de grande criatividade e modernidade da Chefe Alice Pola, é deliciosa. É certo que  açordas, migas e sopas toda a gente faz, mas já nem todos as conseguem fazer perfeitas, num restaurante. Tenho  pela Alice Pola, uma grande admiração e carinho.
Mas os meus apetites desta vez foram surpreendidos, razão deste Post. A Chefe Alice Pola não estava e comi um dos melhores pratos de bacalhau dos últimos tempos. Como?! Um jovem e talentoso aprendiz de cozinheiro.
1º dia- O bacalhau no carvão  executado pelo sub-chefe Victor Dordio
Pois então, por culpa de um prato de bacalhau, no espaço de uma semana fui lá jantar duas vezes. O bacalhau assado no carvão estava soberbo, perfeitas e suculentas lascas em cada garfada. Ahhh! E as batatinhas com aquele azeite quente.
Talentoso cozinheiro Victor Dordio
É o Victor Dordio que comanda a cozinha deste restaurante na ausência da Chefe Alice Pola. Apesar do incentivo de todos, encorajando o jovem cozinheiro a arriscar mais e não ter medo de criar, o Vitctor não mostra qualquer tipo de ambição em assumir o cargo de Chefe. Prefere ficar ao lado da Alice. Modéstia?!



Deixo aqui uma selecção de fotografias daqueles dois maravilhosos jantares, devidamente legendadas.
A grande surpresa do segundo jantar foi-nos servida pela própria Alice, que ficou parada a observar-nos comer, a sobremesa: figos gratinados com citrinos e gelado de baunilha. Hum?! Muito bom. Fiquei sem bateria e não consegui fotografar.


Somos sempre recebidos com um Espumante em xarope de cassis
O vinho que acompanhou os dois jantares :Madrugada Branco alentejano
Sugestão da casa


Da segunda vez optámos por jantar no exterior.
Muito agradável nestas noites quentes alentejanas
Salada de rúcula selvagem com muxama, lombo de atum salgado e seco do Algarve,
e molho manjericão (umas das entradas)
Línguas de bacalhau no  carvão com mexilhões e molho de coentros frescos
Surpresa na textura das línguas, grelhadas servidas com o azeite quente

Espetada de frango do campo com molho de mel e amêndoas
O sumo de limão adicionado ao mel deu a este prato  bastante frescura
Sorvete de tangerina com molho de manga e hortelã
Sobremesa do primeiro jantar
O café com os bombons de chocolate e côco da Alice e o Licor de Bolota
Deitem a chave fora e prendam-me nesta cadeia.


Olhapim informa 
Não fotografei nem descrevo tudo o que comi. Paguei aproximadamente €30 por pessoa.


Olhapim,
Alentejo...


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