sexta-feira, 26 de abril de 2013

Arroz doce amendoado






Arroz doce amendoado  
Ingredientes e receita para o leite de amêndoas

200g de amêndoas doces com pele
água q.b
 
Coloque as amêndoas de molho por 12 horas numa taça com água corrente.
Bem lavadas e escorridas deite-as num liquidificador, adicione um pouco de água engarrafada e triture tudo muito bem.
Depois coe o líquido utilizando um pano e exclua a pasta resultante. 
A esse líquido adicione água até perfazer a quantidade de 1L.
O leite de amêndoas está feito. Reserve.

  
Ingredientes para o arroz doce 

250g arroz carolino
1L de leite de amêndoas
250 g de açúcar
1 casquinha de limão
 ½ colher de café de sal
 canela em pó q.b.  

Num tacho, sempre destapado até o arroz estar feito, coloque o leite de amêndoas, o arroz bem lavado e escorrido, a casquinha de limão, e o sal. Quando o preparado levantar fervura, baixe o lume e deixe cozer mexendo ocasionalmente.
Quando o arroz estiver cozido adicione então o açúcar, mexendo sempre até dissolver por completo.
Pronto, retire a casquinha do limão, deite o arroz para uma travessa, polvilhe com canela em pó e sirva em pratinhos.



Notas
- Para obter um leite mais denso aumente a quantidade de amêndoas.

- Faço com frequência este leite, e por vezes encontro algumas amêndoas amargas que lhe alteram o sabor final. Para evitar esse indesejado sabor no leite, que o olfacto também detecta, triture no liquidificador pequenas quantidades de cada vez. Assim, se encontrar alguma amêndoa amarga, elimine essa porção aproveitando as restantes.

- Na preparação do arroz doce, se adicionar o açúcar no início da sua cozedura este fica rijo, encrua.

- Peça às crianças para enfeitarem a travessa com os pós de canela. Imaginação para bonecos engraçados não lhes falta!

- Este delicioso arroz fica extremamente cremoso. Uma maneira diferente de  confecionar um doce tão característico nas mesas de Natal alentejanas. 

- Na primavera gosto de o comer bem fresco.

Receita e notas publicadas na edição 798 a 29 Novembro de 2012 no jornal Brados do Alentejo

Olhapim,
Alentejo...


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Pratinho de túberas - uma receita e a história

Pratinho de túberas - uma receita e a história

Pratinho de túberas
Pratinho de túberas
Receita
2 pessoas

Ingredientes 
250g túberas já limpas
1 dente de alho
50 g toucinho salgado de porco Raça Alentejana DOP
4 colheres de sopa de azeite
1 colher de chá salsa picada
sal e pimenta preta q.b.

Descasque e corte as túberas, em rodelas de 8 mm se as túberas forem grandes ou em pedaços todos iguais se forem pequenas, para cozerem uniformemente. Corte o toucinho em fatias bastante finas, passe-as por água para retirar um pouco do sal e seque-as num pano.
Numa frigideira frite o toucinho com o azeite e o alho esmagado com pele. Retire o toucinho quando este se apresentar estaladiço e deixe escorrer bem as gorduras sobre papel absorvente. Frite então as túberas temperadas de sal e pimenta preta acabada de moer. 
Prontas, polvilhe-as com salsa, pouca, muito bem picada e sirva com o toucinho frito. 
Acompanhe este petisco com pão alentejano.


Notas

As trufas são conhecidas desde o século V a.C.  Philoxene de Lucade, lendário glutão, no seu Banquete dizia que as trufas cozidas em cinza facilitavam os jogos amorosos. [1]
Apreciadas por gregos e romanos, Plínio, o velho, descreve muitos tipos de trufas, da branca à negra, considerando-as um milagre da natureza pois crescem isoladas, sem raízes e envolvidas somente de terra.  
No De re coquinaria, livro de receitas de Apicio (séc. Id.C.), gastrónomo romano, são referidas cinco receitas com trufas no volume VII, dedicado aos manjares mais sumptuosos. [2]
Segundo Dioscorides (sec.I d.C), médico, farmacologista e botânico grego, num tratado onde descreve mais de 600 plantas e suas virtudes, as túberas de terra são: ” umas raízes redondas, sem folhas, sem talo, e um tanto ou quanto roxas, apanham-se na primavera, e comem-se cruas ou cozidas; viciantes; não têm qualquer sabor e por isso acomodam-se a qualquer guisado”.
Já Galeno (séc. II d.C.), médico romano, dizia que o consumo de trufas produzia uma excitação geral que conduzia à volúpia. [1]

As túberas (latim tubere), sinónimo de trufas, são uns cogumelos carnudos que se desenvolvem sob o solo, muito comuns no Alentejo e semelhantes às descritas por  Dioscorides. As trufas pretas (tuber melanosporum) e as trufas brancas (tuber magnatum), são as mais cobiçadas da espécie tuber, o seu preço no mercado é bastante elevado e não existem no nosso país. Na realidade são idênticas às túberas na forma, mas muito diferentes no aroma e por sua vez sabor.
No Alentejo encontramos algumas espécies de túberas, cujo aroma e sabor é influenciado pelo seu habitat: Terfezia arenaria; Terfezia leptoderma; Choiromyces gangliformis; Tuber asa.[3]



Pedânio Dioscórides

Receita e notas publicadas na edição 807 a 4 Abril de 2013 no Jornal Brados do Alentejo


[1] Alfredo Saramago

[2] Amalia Lapoujade


Olhapim,
Alentejo...

terça-feira, 16 de abril de 2013

Pão e companhia // Na Horta #2


Hoje li,  junto a uma carta de Alex Atala, este manifesto:

A relação do homem com o alimento precisa ser revista. Precisamos aproximar o saber do comer, o comer do cozinhar, o cozinhar do produzir, o produzir da natureza; agir em toda a cadeia de valor, com o propósito de fortalecer os territórios a partir de sua biodiversidade, agrodiversidade e sociodiversidade, para garantir alimento bom para todos e para o ambiente.

Achei brilhante para acompanhar a pequena receita de hoje.





Ração caseira para os animais mais pequenos de capoeira
Patos, perus e pintos



2 medidas de milho nacional não geneticamente modificado

1 medida de aveia nacional

1 medida de pão duro alentejano


Triture os ingredientes numa picadora 1-2-3. Misture tudo muito bem. Armazene o preparado dentro de um saco de papel grosso e ate bem. Não convém guardar esta mistura num recipiente de plástico. Depois de moída apresenta alguma humidade e o papel permite a sua secagem.
Faça quantidades pequenas. Assim o alimento dos animais será sempre fresco.


 - As rações existentes no mercado têm demasiados aditivos, fazem o animal beber água em excesso , o seu crescimento é anormal e demasiado rápido. 

Olhapim,
Alentejo...

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Na Horta #1


Patos


De tanto me ouvirem falar em hortas, mercados, escolha de hortelões aqui e ali, galinhas, peruas, patas, árvores de fruto pequenas e altas, entre tantas outras coisas da terra que gosto e dou valor, ofereceram-me uma horta e um galinheiro. Já me chorei por uma vaca leiteira, uma cabra e ovelhas. Quem sabe.

No galinheiro tenho 12 galinhas poedeiras, 12 pintos, 3 fracas e 3 patos.
Na horta há beterrabas, hortelã, alfaces variadas, feijão-verde, beringelas, curgetes, melão de várias variedades; melancias, abóboras; pimentos  encarnados, amarelos e verdes, milho, espinafres, nabiças e muito mais.

Nessa pequena horta tenho dois ajudantes, o Hugo e o Carlos.
Disponho ainda de muito terreno, cheio de ervas, onde irão nascer plantas autóctones. Falarei sobre isso numa outra altura.


Tive alguma dificuldade em encontrar milho nacional e sem ser transgénico, mas depois de visitar várias lojas consegui comprar milho português e geneticamente intacto. Encontro também muitas embalagens de misturas de cereais, para os animais, carregados de conservantes e outros aditivos.  Decidi fazer as minhas misturas de cereais, para os animais já crescidos e mais novos, triturando tudo.
Às galinhas poedeiras é-lhes cortado o bico logo em pequenas, para não partirem os ovos. Ainda não encontrei à venda galinhas com bico. Sabendo que uma põe 2 ovos por dia, fazendo as contas com 12 galinhas, por mês tenho 720 ovos aproximadamente. Não me importava de ter menos ovos e umas galinhas com bico.



Na quinta-feira um telefonema anunciou o primeiro OVO daquela horta e hoje chegou o segundo. Fizemos uma FESTA com dois ovos estrelados. Saborear o que produzimos é indescritível. 
Valorizo muito os produtos da terra. Avizinham-se grandes dias à mesa.

O primerio ovo


alface

alface roxa

nabiça

espinafre


fracas


salva




Enquanto fotografava a bicharada acelarada dentro do galinheiro, o Hugo dispôs a salva num vaso para eu levar


Olhapim, 
Alentejo...